Buscapé

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Igreja Católica perde terreno


A Igreja Católica está enfrentando mais do que as consequências dos escândalos de abuso sexual na Europa e América do Norte. Sua autoridade também vem sendo questionada mais frequentemente em bairros e condomínios do mundo em desenvolvimento. Congregações em lugares como a América Latina, África e Filipinas já representam a maioria do universo global de 1,2 bilhão de católicos. Frequentemente, eles são vistos como uma base de apoio para a instituição à medida que a influência da Igreja na Europa e em outros lugares continua a diminuir. Mas as economias costumadas a serem chamadas de Terceiro Mundo cresceram rapidamente e milhões de pessoas migraram para grandes cidades como São Paulo e os católicos estão começando a buscar respostas mais imediatas para seus problemas do dia-a-dia.
Em áreas tradicionalmente dominadas por católicos, grupos protestantes evangélicos tiveram um aumento explosivo na sua popularidade à medida que os católicos migraram para uma fé que veem como mais sintonizada com a vida moderna num mundo em rápida transformação. No Brasil, onde os evangélicos já representam mais de um quinto da população (cerca de 42 milhões de fieis), em comparação com menos de 4% quatro décadas atrás, líderes como o bispo Edir Macedo usam suas próprias redes de televisão e a Internet para pregar fórmulas de sucesso enquanto o país cresce rapidamente. 

Em áreas cristãs da África, evangélicos também estão ganhando terreno e já representam mais de 10% da população de todo o continente. Em outros lugares, como Filipinas, governos estão estabelecendo a agenda pela primeira vez em décadas, ecoando a secularização que primeiro deixou a Europa rumo à América do Norte e que também está tomando o caminho da América Latina. 


As mudanças em curso nas Filipinas - onde nasceu o cardeal Luis Antonio Tagle, arcebispo de Manila, de 55 anos e apontado como forte candidato à sucessão de Bento XVI antes do conclave que elegeu o papa Francisco - são algumas das mais profundas no mundo católico. As Filipinas são um dos países predominantemente católicos mais conservadores. O divórcio ainda não foi legalizado e alguns penitentes ainda hoje se crucificam a cada Páscoa numa representação da crucificação de Jesus Cristo.



Ainda assim, a Igreja enfrentou uma derrota significativa no país quando o presidente Benigno Aquino III sancionou, em dezembro passado, a lei que prevê disponibilidade mais ampla de contraceptivos e educação sexual num esforço para diminuir uma das taxas de nascimento mais elevadas da Ásia. 



Economistas e muitos líderes políticos afirmam que o rápido crescimento da população, especialmente entre os filipinos mais pobres, é uma grande contribuição para a pobreza que ainda afeta muitas partes do país a despeito da recente melhora no crescimento econômico das Filipinas. Pesquisas de opinião mostram que muitos filipinos - mais de 70% da população - concordam.



Líderes locais da Igreja fizeram intensa campanha contra a nova lei, a ponto de ameaçarem de excomunhão o presidente Aquino, um católico praticante, se ele sancionasse o projeto. Parlamentares conservadores também fizeram discursos apaixonados contra o projeto. A Igreja ainda está lutando para entrar com uma ação contrária e a escolha de outro papa conservador para suceder João Paulo II e Bento XVI poderá dar algum ímpeto novo a essa resposta.